quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ninguém Venha Me Dá Vida

Ninguém venha me dar vida ,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferido,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser,
e não quero me encontrar,
que estou dentro de um navio,
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque esta perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.
Corações, porque chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.
Fim ditoso, hora feliz:
Guardai meu amor sem preço,
que só quis quem não me quis. 



Cecilia Meireles

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